“O extrato começa a fazer seus primeiros efeitos”. Tamanho era meu orgulho que seria impossível não reconhecer o ar vitorioso em meu semblante. Todas as noites de pesquisa passavam a fazer o sentido alquímico que eu tanto almejara. Não era previsto o ataque de vômitos que o garoto teve naquele dia e nos três seguidos, mas a voz normalizada era todo o resultado que esperávamos de início.
“Efeito!? Em primeiro lugar, não senti barato nenhum como o senhor prometeu, depois, como um troço desses pode tá curando se tô vomitando loucamente!?”. O rapaz bradava, ainda um tanto nervoso e empalidecido. Por mais de uma vez fez, ele, menção de querer agredir-me, mas seu corpo franzino não parecia querer obedecê-lo, de modo que sua sanha aguerrida findou-se sempre em tropeços e genuflexões involuntárias. Esses anos de febre constantinopolitana exauriram o pobre mancebo.
“É chegada a hora, meu jovem, de você preparar-se para um nova vida e esquecer seu passado doente. Vamos, primeiramente, paramentá-lo dumas peças menos coloridas e mais sóbrias e viris. Camisa alva com botões aperolados posta por dentro duma calça social negra; meia soquete preta, óculos Raybam e sapato branco do bico fino.”
“Ai, Dom Patrídes, ele vai ficar lindo!”, cantarolou a mãe, viuvinha, com um olhar satisfatoriamente brilhante, juntando as mãozinhas e elevando-se sobre a ponta dos pés. “Essas roupas seu papai as tinha todas, e vão servir em você sem dúvidas. Lacaia”, disse a viuvinha com muito respeito, “engome essas peças que Dom Patrídes falou e deixe arrumado já o óleo de cabelo e o pente de casco de tartaruga do falecido. Aproveita, ai meu Deus!, e deixa a corrente de ouro com o medalhão da Virgem pronto, caso ele queira usar também. Ele pode, não é, Dom Patrídes?”
“Pode e deve.”
As mulheres levaram-no para seu quarto, um tanto quanto à força, já que o menino não tinha a mínima intenção de largar mão daquelas suas vestimentas de gosto duvidoso. Mas o pobre estava tão fraco que parecia um molequinho sendo arrastado. E o mesmo esforço também não lhe valeu para fugir do banho e da raspagem do esmalte negro que tinha nas unhas das mãos.
Colocaram as roupas em seus membros moles. Ele tentava falar e não podia. Tentava mover-se, mas esmorecia. E em meia-hora foi novamente apresentado. Todo bonito, conforme já lhes falei, e ainda com cabelo cortado.
Assentava-lhe bem o cabelo bem penteado para trás e o bigodinho fino que primorosamente as moças conservaram, mas o pobre parecia um zumbi, olhando para o nada.
“Dêem-lhe um pouco de cachaça para despertar, que é só assim que vai, segundo disse o livreto. Assim que acordar completamente, vamos, nós dois, bem ali, num lugar secreto, do qual nem a senhora, nem sua empregada, nem outra mulher de bem nenhuma deve saber. Ele vai se dar bem”, disse, olhando sensualmente nos olhos incendiados da serviçal, já que os da mãe lacrimejaram e não serviam para meus propósitos irreveláveis.
“Efeito!? Em primeiro lugar, não senti barato nenhum como o senhor prometeu, depois, como um troço desses pode tá curando se tô vomitando loucamente!?”. O rapaz bradava, ainda um tanto nervoso e empalidecido. Por mais de uma vez fez, ele, menção de querer agredir-me, mas seu corpo franzino não parecia querer obedecê-lo, de modo que sua sanha aguerrida findou-se sempre em tropeços e genuflexões involuntárias. Esses anos de febre constantinopolitana exauriram o pobre mancebo.
“É chegada a hora, meu jovem, de você preparar-se para um nova vida e esquecer seu passado doente. Vamos, primeiramente, paramentá-lo dumas peças menos coloridas e mais sóbrias e viris. Camisa alva com botões aperolados posta por dentro duma calça social negra; meia soquete preta, óculos Raybam e sapato branco do bico fino.”
“Ai, Dom Patrídes, ele vai ficar lindo!”, cantarolou a mãe, viuvinha, com um olhar satisfatoriamente brilhante, juntando as mãozinhas e elevando-se sobre a ponta dos pés. “Essas roupas seu papai as tinha todas, e vão servir em você sem dúvidas. Lacaia”, disse a viuvinha com muito respeito, “engome essas peças que Dom Patrídes falou e deixe arrumado já o óleo de cabelo e o pente de casco de tartaruga do falecido. Aproveita, ai meu Deus!, e deixa a corrente de ouro com o medalhão da Virgem pronto, caso ele queira usar também. Ele pode, não é, Dom Patrídes?”
“Pode e deve.”
As mulheres levaram-no para seu quarto, um tanto quanto à força, já que o menino não tinha a mínima intenção de largar mão daquelas suas vestimentas de gosto duvidoso. Mas o pobre estava tão fraco que parecia um molequinho sendo arrastado. E o mesmo esforço também não lhe valeu para fugir do banho e da raspagem do esmalte negro que tinha nas unhas das mãos.
Colocaram as roupas em seus membros moles. Ele tentava falar e não podia. Tentava mover-se, mas esmorecia. E em meia-hora foi novamente apresentado. Todo bonito, conforme já lhes falei, e ainda com cabelo cortado.
Assentava-lhe bem o cabelo bem penteado para trás e o bigodinho fino que primorosamente as moças conservaram, mas o pobre parecia um zumbi, olhando para o nada.
“Dêem-lhe um pouco de cachaça para despertar, que é só assim que vai, segundo disse o livreto. Assim que acordar completamente, vamos, nós dois, bem ali, num lugar secreto, do qual nem a senhora, nem sua empregada, nem outra mulher de bem nenhuma deve saber. Ele vai se dar bem”, disse, olhando sensualmente nos olhos incendiados da serviçal, já que os da mãe lacrimejaram e não serviam para meus propósitos irreveláveis.
(continua...)
Eu não estou crendo que esperei meses por uma continuação para ver postado umas poucas linhas. Puxa! Está muito bem escrito, mas eu fiquei na vontade de apreciar o continuar da narrativa... Paciência.
ResponderExcluirPs: Esse menino está vestido de sambista? rs
Leve o garoto às meretrizes D. Patrides!
ResponderExcluirÀS MERETRIZES!!!